sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Um povo nômade


Os ciganos são conhecidos mundialmente como um povo nômade. Falsa é a idéia que o gosto pelas viagens seja o único fator responsável pelo nomadismo dos ciganos, pois na verdade, há uma longa história de perseguições e fugas. Apenas no País de Gales os ciganos tiveram espaço para manter parte das suas tradições. Essa tolerância os levou a se sedentarizar e se misturar com a população local, dando origem aos posh-rats, ou ciganos mistos. Na Andaluzia (Espanha), também encontraram facilidades, ocasionando sua permanência. Entretanto, durante a Inquisição Católica, vários deles foram expulsos pelos Tribunais do Santo Ofício. Não tendo direito de escolha, foram na grande maioria, enviados para Portugal, depois cruzando o mar rumo à miséria nas colônias africanas, asiáticas e americanas.
Alguns séculos mais tarde a Alemanha, sob o Domínio Nazista pretendia exterminar as raças consideradas inferiores, e entre elas estava à casta cigana. Em 1933, ano em que Hitler subiu ao poder, as restrições se tornaram mais severas. Os homens eram levados para prisões ou para os campos de concentração, enquanto que as mulheres eram vítimas das experiências realizadas pelos médicos alemães. Elas eram na maioria das vezes, esterilizadas para assim servirem de prostitutas; as que se encontravam grávidas eram cruelmente assassinadas.
Neste mesmo ano (1933), cerca de 5 mil ciganos foram deportados para Polônia. Sem as mínimas condições necessárias para sobrevivência, o frio, a anemia e a proliferação de doenças, muitos morreram, sendo seus corpos levados para crematórios coletivos.
Para justificar as perseguições e o extermínio dos ciganos, foram criadas várias lendas preconceituosas quanto à sua origem. Uma delas diz que eles são descendentes da família que negou hospitalidade à Maria e ao Menino Jesus durante a fuga para o Egito. Outra, conta que foi um cigano quem forjou os cravos com que crucificaram Cristo. O que realmente provoca intolerância contra esse povo, é a capacidade de preservar os próprios costumes e tradições. Antigamente a forma de vivência cigana era basicamente dividida entre: Nômades - percorriam o mundo em carroções ou traillers. Semi-nômades - embora morassem em residências fixas, mantinham barracas no quintal onde se utilizavam do próprio dialeto, assim como das vestimentas tradicionais. Sedentários - aparentemente, não deixavam vestígios de sua ciganidade. No mundo contemporâneo, estas duas formas ciganas de viver, os semi-nômades e os sedentários, são as mais utilizadas pelos ciganos de diversos grupos e clãs, entrosando a dinâmica e a tecnologia do mundo gadjó com as tradições e magia, da arte cigana de viver. O nomadismo dos ciganos foi uma das marcas que identificava o estilo de viver da raça, tendo muitos outros também como sua hierarquia e seu regime doméstico tradicional, embora muitas coisas tenham sido transformadas, até para que eles pudessem acompanhar a evolução dos tempos.

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