terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ciganos no Brasil

            Primeiramente, temos de desmistificar a imagem do andarilho cigano, malandro, ladrão, seqüestrador de criancinhas, falastrão, desonesto. Isso foi fruto do preconceito diante dessa etnia livre e alegre, principalmente pelo fato de a crença deles não ser católica, religião dominante, confundida com os estados monárquicos por muito tempo.
A trajetória dos ciganos no Brasil começa no ano de 1574 com a chegada do primeiro cigano que se tem notícia. Na época de D’ Carlos V. O primeiro que se tem notícia a chegar ao Brasil, foi o cigano João de Torres que veio com sua mulher e filhos. Muitos eram nomeados Meirinhos da Corte, pessoas que levavam as notícias e comunicados do Reino a todas as Terras Brasileiras. Trabalhando também como Bandeirantes. Nestas inúmeras “levas” o número de ciganos era grande, e se destacavam com os principais sobrenomes: Monteiro, Savedra, Silva, Torres, Pereira, Ferreira, Lopes, Costa, Coelho, Carvalho, Torquato, Figueiredo e Alves, uma prova adicional de sua origem portuguesa. Sendo o Ferreira comum aos ciganos de outros Clãs vindos da Espanha.
O Rom mais ilustre que chegou ao Brasil foi Jan Nepomuscky Kubitschek , que trabalhou como marceneiro em Diamantina, embora não sabemos se acompanhado da Rromhá. Conhecido com João Alemão deve ter entrado no Brasil por volta de 1830-1835, casando-se pouco depois com uma brasileira. O primeiro foi João Nepomuceno Kubitschek, que viria a ser um destacado político. O segundo foi Augusto Elias Kubitschek, um comerciante. Augusto Kubitschek foi designado como delegado de polícia. Também consta que teve pelo menos uma filha, Júlia Kubitschek, que viria a ser a mãe de Juscelino Kubitschek. Ou seja, um dos mais queridos presidentes do Brasil do Século XX foi um cigano, ou pelo menos um descendente de ciganos.
Portugal desde 1526 já fazia leis (preconceituosas) contra os ciganos, e em virtude de precisarem de ferreiros e forjadores de armamentos os mandaram para esta Colônia distante para servir ao reino de Portugal. Algumas destas “LEIS”, elaboradas pelo Reino Português eram absurdas. Em 15 de julho de 1686, Dom Pedro II, rei de Portugal, em conluio com o clero sacerdotal da Igreja, determinou que os ciganos de Castela fossem exterminados e que seus filhos e netos tivessem domicílio certo ou fossem enviados para o Brasil, mais especificamente para o Maranhão. Em 1686, são expulsos de Espanha, Portugal e das Colônias Portuguesas na África, ao virem para o Brasil entraram por Maranhão e Pernambuco, se espalhando aos poucos por todo Brasil. Aqui nesta Terra, foi um pouco melhor, mas não deixaram de enfrentar preconceitos.
Dom João V (1689-1750), rei de Portugal, decretou a expulsão das mulheres ciganas para as terras do pau-brasil. Por anos a fio, promulgaram-se dezenas de leis, decretos, alvarás, exilando-os para os estados de Maranhão, Recife, Bahia e Rio de Janeiro, onde se encontravam os núcleos populacionais mais importantes da colônia portuguesa. Os que chegaram mais ainda estavam sobre o domínio dos Portugueses, eram proibidos de falar o Romanê, e esta lei só caiu em desuso no ano de 1900. Eram destinados a trabalhar na forja. Fabricavam ferraduras, ferramentas, apetrechos domésticos e outros.
Afirma-se que as mais importantes contribuições dos ciganos para o progresso e a prosperidade de nosso país foram negligenciadas até hoje pelos historiadores e livros escolares. Eles foram co-participantes da integração e da expansão territorial brasileira. Ouso afirmar, ainda, que, se não fossem os ciganos, as comunidades de antigamente, pequenos centros habitacionais, vilarejos, teriam progredido muito mais lentamente.
Os portugueses e africanos que vieram para cá não eram nômades. Os lusitanos procuravam fixar-se em terras além mar, e os africanos fixavam-se a estes últimos como escravos.
Então, de norte a sul, de leste a oeste, em todos os lugares, lá estavam os ciganos, livres, viajando em suas carroças, negociando animais, arreios, consertando engenhos, alambiques, soldando tachos, levando notícias, medicamentos, emplastros e também dançando, festejando e participando de atividades circenses.
Alegres, prudentes, místicos, magos e excelentes negociantes, quando chegavam aos vilarejos conservadores, era comum senhoras se benzerem com os rosários em mãos, esconderem as crianças nos armários, pois chegavam os ciganos com suas crenças pagãs.
Inúmeros ciganos serviram ao Exército Brasileiro, nas mais diferentes épocas, em busca de moedas de ouro e sossego. E quando as damas da corte sabiam que estes militares comandados eram ciganos, sabiam de ante mão que eram casados com ciganas e da-lhes as importunar, em busca de amor, poções e outros xavecos. As mesmas que exerciam seu preconceito, na ocasião das missas, freqüentavam suas Tsaras escondidas à tarde para tudo lhes pedir.
Os lugares que registram mais ciganos na atualidade são: Rio de Janeiro, (havia inclusive no Centro do RJ há muito tempo atrás uma rua que se chamava Rua dos Ciganos. Hoje Rua da Constituição) Rio Grande do Sul e nas diversas fronteiras que tem o nosso país.

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