sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Nascimento no Povo Cigano

         O povo Cigano tem um grande respeito pela vida, seja ela, animal, vegetal ou humana , os animais que eles matam são apenas para seu consumo e para matar a fome do clã, o povo cigano não mata por esporte, nem animal nem planta, vivem em profunda harmonia com a natureza, tirando dela apenas o necessário para suas provisões, logo não é de se admirar que o nascimento de uma criança cigana é motivo de grande mas grande festa mesmo se estendo por 02 ou 03 dias.
Se for o primogênito do casal representa a inauguração de uma nova família, e também o jovem pai ganha prestígio, autoridade e responsabilidade iguais a dos mais velhos, a mulher também se beneficia com a maternidade, já que deixa de ser bori (nora) para virar mãe, isso dá muito mais autoridade a cigana, que antes tinha que se sujeitar a sogra.
Essa criança poderá ser batizada em uma ou mais religiões, o povo cigano faz questão do batismo as vezes em várias religiões pois acreditam que isso trará sorte para a criança, no decorrer de sua vida, porém um dos rituais mais importantes e que é feito apenas a moda cigana é o ritual do nome da criança, sua realização começa no momento da primeira mamada, quando a mãe fala em seu ouvido de forma que apenas a criança escute o seu nome secreto, que ninguém mais conhecerá e que a criança só ficará sabendo no dia do seu próprio casamento, mais tarde, nos festejos, a criança receberá um segundo nome, este para ser usado e conhecido no clã e finalmente, terá também um terceiro nome, este para ser usado apenas no mundo dos gadjós.
Assim começara a ser forjada a identidade cigana dessa criança, seu primeiro mistério e a relação diferenciada com o mundo dos não-ciganos.
Na maioria dos clãs, logo que a mulher está para dar a luz, trazem as vezes 03 parentas chegadas que a acompanham até o nascimento da criança (chinorré), do lado de fora do local do parto, os visitante rezam cantos sagrados a Duvvel, para suavizar o sofrimento da mãe ,dar proteção à criança que está para vir ao mundo.
No pescoço da mãe penduram-se patuás, figas e talismãs milagrosos, sem se esquecer das rezas que estão sendo feitas pelas 03 parentas, o rosto da mãe é soprado, pois não podemos esquecer que o sopro exerce um ritual mágico e religioso, o homem foi criado pelo sopro de Deus, a vida se mantém pelo sopro e  com ele vai embora (último suspiro), se você reparar no batismo católico o padre sopra o rosto da criança no ritual de batismo, resumindo todos os cuidados eram tomados de forma que a mãe não morresse no parto, pois este evento para os ciganos e tido como a maior desgraça.
Nascida à criança, era avisado imediatamente às pessoas que estavam do lado de fora, "chegou ao mundo dos vivos um menino (a), e todos cantavam agradecendo a graça, em alguns clãs a criança é lavada com água e vinho em uma bacia de prata, dentro dessa bacia eram também colocados colares e moedas de ouro, flores, ervas, frutas e madeiras aromáticas para que a criança tenha assegurada sua boa sorte, prosperidade e saúde, depois disso feito do corte do cordão umbilical, a criança linda, embrulhada em linho branco bordada, perfumada e devidamente defumada com alfazema, o pai pega a criança no colo dá-lhe um beijo, a mãe era preparada para as visitas, recebia os presentes em nome do recém-nascido. Ouro e objetos muito valiosos eram vendidos para ajudar na compra do enxoval.
Há alguns clã ciganos da Europa que fazem fogo na entrada de sua casa ou tenda (uma criança nascida em acampamento cigano nasce numa tenda e nunca numa carroça essa tenda é chamada de "o bender" ) o fogo serve para afastar os maus espíritos, de quem os ciganos escondem o verdadeiro nome da criança. Depois a criança é apresentada para a lua por uma shuvani (feiticeira) ou pela Baba (mulher mais velha) do clã, ela balança a criança mostrando para a lua e implora a mesma mais ou menos com os seguintes versos " Lua Luar, tome esse filho e me ajude a criar" ou podemos ainda dizer "Lua, Lua, leva esta criança para andar e criar e após criada torne a me dar" (este costume de apresentar a criança a lua, tem registro no Brasil e em Portugal, a Lua Cheia é considerada a madrinha das crianças, como também tal tradição se registra nos clãs Mamuches, Matchuaias e Kalóns que vivem no interior do Brasil).
Às vezes no batismo a criança era totalmente imersa na água, outras vezes se derrama a água sobre o corpo da criança, esta água ficará em um cântaro e, antes de banhar o bebê deverá ser passada pela lâmina de uma faca ou punhal bem afiado, porque, se acredita que a força do punhal será passada para a criança dando-lhe proteção, a água deverá ser fria e colhida de um riacho ou cachoeira.
Além desse ritual que é feito pelos pais e comemorado pelos avós da criança, os ciganos costumam consagrar o bebê a um santo protetor e no dia de seu aniversário este santo protetor também será reverenciado no dia anual do santo protetor.

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